O candidato a prefeito de Goiânia Matheus Ribeiro (PSDB) foi o mais mencionado pelos oponentes no debate entre os prefeitáveis, promovido pelo Jornal O Popular e pela CBN Goiânia, na manhã desta quinta-feira (26). Depois de responder a Sandro Mabel (UB), que tentou diminuir a profissão de jornalista, o nome do tucano não saiu da boca do adversário. Além do embate direto, o candidato do União Brasil se referiu ao peessedebista em outras oportunidades e ainda tentou dois direitos de resposta que foram negados.
Mabel foi o primeiro a fazer pergunta a Matheus, devido ao sorteio do debate, quando perguntou qual sua proposta para a questão da moradia em Goiânia. O tucano lembrou que conhece de perto a realidade das pessoas que vivem em ocupações na capital, em áreas de risco e que precisam de uma moradia digna.
“Estou ciente do grave problema de regularização fundiária na nossa capital e da dor que isso causa a muitas famílias que não têm a segurança de possuir a escritura de seu próprio imóvel. Ao gravar dezenas de reportagens, pude observar diversos prédios desocupados – muitos deles públicos, pertencentes à União, ao Estado ou à Prefeitura – localizados em áreas estratégicas da nossa cidade”, disse.
Matheus afirmou que traz, em seu plano de governo, soluções suficientes e inteligentes para a moradia. “Com o objetivo de levar habitações populares para as áreas centrais, utilizando esses prédios já disponíveis. Mais do que isso, precisamos investir na regularização fundiária, regularizando imóveis cuja situação está pendente e trabalhando, com humanidade e firmeza, para retirar famílias que vivem em áreas de risco”, acrescentou.
O candidato aproveitou a deixa para questionar Mabel quanto às suas propostas para o setor, já que teve a oportunidade de promover políticas públicas quando foi deputado federal por Goiás. O adversário respondeu que tem a proposta de construir 15 mil casas e, quando tinha 27 anos, construiu 212 casas em 3 anos.
Matheus estranhou a resposta e rebateu: “Eu não consegui entender claramente como foi a sua atuação parlamentar. Construir 200 imóveis aos 27 anos sugere que o senhor vem de uma família rica e sempre teve dinheiro. Todos sabemos disso até pelo seu jeito de se portar, que demonstra certa falta de sensibilidade para compreender e conviver com os problemas que afetam a nossa cidade.”
Mabel disse também que viu a situação do bairro JK e Matheus rebateu que conhece aquela realidade não só porque está em campanha, mas porque ia a setores carentes para fazer reportagens que denunciavam o descaso do poder público. O tucano ainda lamentou que, mesmo tendo apoiado a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Mabel não tenha conseguido colaborar de forma mais efetiva para resolver o problema crônico da moradia na cidade.
E o incômodo continua
O adversário se mostrou incomodado com a provocação de Matheus e utilizou o tempo de resposta para uma pergunta feita pelo candidato Rogério Cruz (SD) para rebater o tucano. Ele alegou que não tinha dinheiro quando construiu as 212 casas. “Eu tinha 27 anos, eu não tinha dinheiro, a empresa era pequenininha. Eu fiz porque tenho sensibilidade, sei fazer gestão”, disse Mabel.
Ele ainda tentou diminuir a profissão de jornalista, de Matheus. “O senhor andava pelos bairros da cidade porque o senhor era repórter, o senhor se formou em reportagem, era sua obrigação fazer isso. Eu me formei em administração. Eu sei gerir porque durante 52 anos eu fui treinado para isso. O senhor foi fazendo reportagem, levantando problemas sem nenhuma solução”, afirmou.
Matheus aproveitou a oportunidade de responder a um questionamento da candidata Adriana Accorsi (PT) sobre educação para rebater Mabel em sua tentativa de reduzir a profissão de jornalista. “A educação é a principal força transformadora das nossas vidas. Eu vivi isso, não apenas como filho de professora, mas como alguém que lutou muito para conquistar uma profissão e me tornar repórter. Candidato Mabel, a insinuação pejorativa que o senhor fez à minha profissão não desrespeita apenas a mim, mas centenas, talvez milhares de jornalistas que cumprem o papel de informar”, disse.
Em outro momento do debate, Mabel chamou trabalhadores da Comurg de “pessoas menores”. Matheus chamou a atenção: “A gente acabou de ouvir um candidato dizer que garis são pessoas menores. A gente tem que entender que é assim que você, cidadão, é tratado por essa forma tradicional de fazer política, por essa forma que só olha o próprio umbigo e que não conhece a realidade.”
Mabel, utilizando tempo de resposta a outro candidato, tentou consertar, mencionando uma passagem bíblica. “Gostaria de dizer que o seu xará, Mateus, dizia assim: ‘Em verdade vos digo que quando fizeste a um dos meus pequeninos irmãos, a mim o fará’. Então, quando a gente trata de um pequenino é no sentido carinhoso, das pessoas que precisam do auxílio, da mão do governante”, falou.
Ainda demonstrando que se incomodou com a colocação de que é um candidato rico, Mabel passou a repetir em outras respostas que “não tinha dinheiro” quando construiu casas aos 27 anos. “Eu fiz 212 casas e eu não tinha dinheiro, não, eu era muito pequeno, a empresa era pequena, mas eu tinha muita fé”, disse, ainda repercutindo a fala de Matheus.
Já com o debate caminhando para o fim, em resposta ao prefeito Rogério Cruz, Mabel fez referência a Matheus mais uma vez. Desta vez, ele foi irônico com o tucano por ter dito uma frase que o candidato do União Brasil utiliza em sua campanha.
Segurança pública
Outra que utilizou do tempo destinado a responder outros candidatos para falar com Matheus foi Adriana Accorsi. O tucano havia criticado a proposta da petista de criar uma polícia municipal, já que a medida traria mais gastos para o poder público. Segundo ela, isso seria feito por meio de uma lei federal, sem a necessidade de aumentar despesas, mas não detalhou como isso seria possível. A candidata do PT ainda fez duas alusões a Matheus, ao lembrar que o vice de seu pai, o ex-prefeito de Goiânia Darci Accorsi, era do PSDB.
Experiência
Em embate com o candidato Fred Rodrigues (PL), Matheus questionou o que o adversário havia feito por Goiânia quando foi deputado estadual, em um mandato que acabou sendo cassado. “Como a sua trajetória política, enquanto alguém que já se candidatou a vereador, foi eleito deputado estadual, mas perdeu o mandato, pode construir uma liderança realmente efetiva e sólida para administrar Goiânia?”, perguntou.
Fred citou alguns de seus projetos, de cunho ideológico, e respondeu dizendo que sua “atuação como deputado estadual fala por si mesma”. Ao que Matheus reagiu: “Candidato, a sua atuação fala por si mesma e pouco traz resultados para a nossa sociedade e para a nossa cidade de Goiânia.”
Esse embate veio depois que Fred tentou reduzir a experiência política de Matheus ao questionar o que ele já havia feito desde que visitou o aterro sanitário de Goiânia. O tucano aproveitou para reforçar o caráter de ruptura com a política tradicional que tem a sua candidatura. “Existem candidatos que defendem a renovação, mas não podemos renovar com a solidez de uma gelatina. A minha experiência é ouvir as pessoas, escutar a sociedade, buscar especialistas e construir convergência para que possamos abrir as portas da prefeitura de Goiânia para a cidade”, disse.